quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Coluna de quinta, a coluna do Fritz

           Quando adolescente, ganhei um amigo. Não sei como e porquê, mas em pouco tempo ele se tornou o melhor amigo pra mim. Pouco tempo mesmo. Eu costumava dizer que nossa amizade e nossa aliança eram como as de Davi e Jônatas (Samuel 19). Na minha época, cada palavra tinha valor, cada promessa era uma dívida. Hoje em dia, infelizmente, as coisas não são mais assim. Vejo pelos meus netos e seus coleguinhas – não me atrevo a chamá-los de amigos – que parecem trocar de amigos como trocam de meias. Meus netos, ao contrário de mim, parecem anestesiados a esse tipo de comportamento. Mas acho que não só os meus netos.
          É uma lástima que a amizade tenha perdido o verdadeiro significado, e é sobre isso que quero falar. Quem sabe, desabafar. Esse amigo que ganhei, o Juca, se tornou mais do que um amigo pra mim. Virou um irmão, virou parte da minha família. Qualquer lugar que fôssemos, estávamos juntos. Não existia diversão quando um estava longe do outro, porque nossa amizade era a maior diversão. Juntos, sempre fomos melhores. Como disse aquele sábio, Salomão, é melhor serem dois do que um só.
                Minha aliança com Juca era o que vivíamos dizendo um para o outro: “Prefiro meu mal, pra ver teu bem”. Lembro de uma vez que fez um frio repentino na cidade e me pegou desprevenido, eu estava sem blusa. Quando Juca me viu com frio, tirou a blusa dele e me emprestou. A princípio, rejeitei a blusa, porque ele ia passar frio por minha culpa. Foi o que eu disse a ele. “Prefiro meu mal, pra ver teu bem”, foi o que ele me respondeu.
                Assim, nossa amizade se fortaleceu, nos tornamos irmãos mesmo. Irmãos de alma, era como eu chamava. Porém, o mesmo Salomão que disse “é melhor serem dois”, disse “tudo tem seu tempo; há tempo de juntar e tempo de espalhar”. As circunstâncias da vida nos separaram de uma forma um tanto dolorosa. Não quero falar muito a respeito, mas foi como se eu tivesse morrido pra ele. Mas eu estou vivo. Essa é a parte que dói. Não sei se você sabe o que é ser machucado por pessoas tão próximas, mas é uma dor indescritível. A parte que me consola é que eu confio em Deus, e sei que pra tudo que acontece debaixo do céu há um propósito (Eclesiastes 3), e bem, eu estou debaixo do céu. Eu tentei, incansavelmente, reatar nossa amizade, escrevi cartas, pedi perdão, mandei presentes, essas coisas de amigos. Infelizmente, não tive nenhuma resposta. Mas uma coisa eu te digo: por mais que eu não seja mais amigo dele, ele ainda é meu amigo. A aliança que fiz com ele não é uma mentira. A promessa que fiz, estou cumprindo. Apesar de tanto tempo, ainda não desisti. Não troco de amigos como troco de meias. Aliás, não troco amigos. Quem me ensinou a fazer isso foi Jesus, o melhor amigo que existe. Em uma das ocasiões, o Mestre diz “não há amor maior do que dar a vida pelos seus amigos” (João 15.13).
                Jovens, eu digo a vocês, pela mais vasta experiência que a vida me deu, amigo é pra se guardar e nunca mais perder. Amigo é pra se amar, mesmo quando doer.


Postado por @ig_walker

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